ENVELHE-SER

A idade senil traz consigo muitos aspectos da fragilidade e finitude da vida que, dependendo do modo como o sujeito aprendeu e se desenvolveu ao longo da sua trajetória, terá mais ou menos recursos para lidar com as perdas, frustrações e conflitos dessa fase tão delicada (uma segunda ou terceira adolescência!).

É preciso ter seus próprios recursos para continuar SENDO e não apenas sobreviver às enfermidades que irão surgir, o tempo que se fará ocioso e os lutos de amigos, parentes e cônjuges que inevitavelmente irão ocorrer.

CRIATIVIDADE: será o modo criativo, que como Winnicott, importante colaborador da psicanalise, descreveu, que terá um papel importante em transformar situações angustiantes em possibilidades de continuar aprendendo, se desenvolvendo e existindo!

Os idosos que cultivam laços de amizade, abrem suas casas para netos e filhos, tem atividades recreativas, viajam, se exercitam e continuam a "produzir", seja através de serviço voluntário, ou até mesmo, aposentados, continuam a trabalhar em algo que lhe dê prazer, são aqueles que menos adoecem, menos fazem uso de medicação e até mesmo freqüentam pouco os hospitais.

Mas se seu avô, avó, mãe, pai ou vizinho, que está na "maior Idade" e já não demonstra interesse por essas atividades, queixa-se de dores ou outros sintomas, se isola, passando muito tempo deitado e triste, pode estar sinalizando que não possui mais essa CAPACIDADE CRIATIVA, para lidar com suas limitações.

O atendimento psicológico pode ser um recurso para auxiliar na recuperação de doenças como a depressão, tão comum nessa fase da vida. A escuta, acolhimento e atenção diferenciada de um profissional, facilita esse processo de descobrir em si mesmo novas possibilidade de lidar com o Envelhecimento, e ENVELHE-SER SENDO: sendo parte da sua própria estória, que não se interrompe com o avanço da idade, mas se renova através dela!

Psicóloga Caroline Rodrigues

CRP 06/130397

Bibliografia: WINNICOTT, D. W. O brincar & a realidade. Trad. J. O. A. Abreu e V. Nobre. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

Winnicott, D.W. Explorações psicanalíticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.